DAVID MENDES ALERTA PARA RISCOS DA FPU E TENSÕES ENTRE CHIVUKUVUKU E ADALBERTO

Destaque Política

O jurista e ex-deputado David Mendes defendeu, neste sábado, 11, a necessidade de democratização interna nos dois principais partidos políticos de Angola, MPLA e UNITA. Durante sua participação no programa de análise Geração 80, Mendes destacou que os estatutos dessas formações são “ditatoriais”, impedindo os militantes de expressarem suas opiniões livremente por receio de sanções.

David Mendes citou como exemplos as restrições enfrentadas por figuras como José Pedro Kachiungo, barrado de concorrer à liderança da UNITA, Higino Carneiro, supostamente afastado da disputa pelo topo do MPLA, e Dino Matross, acusado de criar uma facção dentro do partido. Para Mendes, tais episódios demonstram a necessidade urgente de reformas que promovam maior liberdade de expressão e participação democrática dentro das estruturas partidárias.

Em relação à Frente Patriótica Unida (FPU), o jurista apontou tensões entre os líderes Abel Chivukuvuku e Adalberto Costa Júnior, afirmando que “não há espaço para os dois no mesmo poleiro”. Ele sugeriu que a convivência entre ambos seria insustentável a longo prazo e que um acabará por eliminar o outro politicamente.

Mendes também alertou para os dilemas enfrentados pela UNITA: caso aceite integrar a FPU, poderá perder sua identidade e símbolos históricos, como o “Galo Negro”. Por outro lado, recusar a coligação poderia atrair críticas da sociedade, acusando o partido de incapacidade para construir alianças.

Como alternativa, David Mendes sugeriu que Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, adote uma abordagem estratégica no próximo XIV Congresso do partido. Ele recomendou que Adalberto peça aos delegados a competência para decidir sobre a adesão à FPU, em vez de colocar a decisão diretamente em votação.

“Se eu fosse ele, politicamente faria o seguinte: levaria a ideia ao congresso, mas pediria que os delegados me dessem a capacidade de decidir. Assim, ele manteria flexibilidade para negociar e preservar a unidade do partido”, concluiu Mendes.

A análise do jurista revela não apenas os desafios estruturais enfrentados pelos partidos angolanos, mas também as complexidades do cenário político atual, onde alianças e disputas internas moldam o futuro da oposição no país.

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