No contexto do VIII Congresso Extraordinário do MPLA, realizado nos dias 16 e 17 de Dezembro, a decisão de não incluir o General Higino Carneiro no Bureau Político foi marcada por uma série de fatores interligados que refletem as dinâmicas internas do partido e as estratégias políticas de seu líder, João Lourenço.
Um dos principais motivos para essa exclusão é a consolidação do poder de João Lourenço. Desde que assumiu a liderança, presidente João Lourenço tem se esforçado para fortalecer sua posição dentro do MPLA, afastando figuras que poderiam questionar sua autoridade. A inclusão do Higino Carneiro, um nome associado a influências do antigo regime, poderia ser percebida como uma ameaça ao controle que João Lourenço busca estabelecer.
Além disso, o afastamento do legado do José Eduardo dos Santos é uma característica marcante da política atual de João Lourenço. Higino Carneiro, devido às suas ligações com o antigo presidente, representa um vínculo direto com essa era. Sua presença no Bureau Político poderia complicar a narrativa de renovação e modernização que o partido tenta construir sob a liderança atual.
O congresso também foi um momento de mudanças significativas na estrutura do MPLA, com uma intenção clara de “rejuvenescer” o partido. A exclusão de figuras mais velhas e associadas aos governos anteriores, como o general Higino Carneiro, está alinhada com a estratégia de adaptação às novas realidades políticas e sociais em Angola.
Outro aspecto relevante são as questões de lealdade. A lealdade ao presidente tem se tornado um critério fundamental na escolha dos membros do Bureau Político. Higino Carneiro, devido à sua história e relações dentro do partido, pode não ser visto como suficientemente alinhado com a visão de João Lourenço, o que contribuiu para sua exclusão.
Com as eleições gerais se aproximando, a composição do Bureau Político foi cuidadosamente planejada para garantir um apoio sólido. A liderança de João Lourenço pode ter considerado que a presença de higino Carneiro poderia criar divisões ou rivalidades que comprometeriam a unidade do partido em um momento crítico.
Por fim, o MPLA enfrenta tensões internas que demandam uma gestão cuidadosa para evitar conflitos. A exclusão de indivíduos com visões divergentes, como Higino Carneiro, pode ser interpretada como uma tentativa de fortalecer a coesão interna e minimizar divisões.
Esses fatores interligados elucidam o raciocínio por trás da decisão de João Lourenço em não incluir o General Hingino Carneiro no Bureau Político do MPLA.