O CONGRESSO DA VERGONHA!

Destaque Política

Por: Rui Kandove

“Os interesses individuais ou de grupos não podem estar acima dos interesses coletivos” . Quando o Presidente da República enunciou essas palavras, na cerimônia de tomada de posse dos novos responsáveis do Ministério do Interior, percebemos todos o recado. O Chefe do Executivo, na verdade, não disse nada de extraordinário. Quem está na política sabe, ou deveria saber, que é preciso convencer os governados que as suas preocupações estão no centro da governação, embora se saiba que existe um interesse oculto e a dominação implícita na correlação de forças em presença.

Mergulhados no entendimento de que é imperioso estimular a função legitimação, aquela que preenche o iato entre a pretenção de legitimidade apresentada pela autoridade dominante e a crença na legitimidade da ordem por parte dos súditos, alertamos, observamos e até publicitamos denuncias. A verdade é que não nos quiseram ouvir. O resultado está aí, à vista de todos. Um Congresso da vergonha. Todo o capital de credibilidade acomunado ao longo dos anos foi ralo abaixo. Até a autoridade da figura máxima do partido está a ser posta em causa.

A conclusão a que se chega, depois de algumas horas de observação é que, há uma “milícia” que controla o partido e quer passar aos filhos o genes da batota. Aliás, o próprio Presidente já tinha alertado para o facto de haver, na direção do partido, camaradas que estavam muito mais interessados em agendas grupais, nem que para tal prejudicassem os interesses estratégicos da colectividade, do que trabalhar para garantir a vitória do partido nos próximos desafios.

O que aconteceu nas instalações do Futungo II, em sede de eleições para o cargo de primeiro secretário da JMPLA, é um verdadeiro golpe à memória de Hoji Ya Henda e de todos heróis tombados pela nossa independência. O primeiro sinal de alerta máxima foi a tentativa de impedimento de Wankana de Oliveira, membro muito activo da equipa de Adilson Hach, às instalações onde decorria o evento. Estava claro o indício da fraude operacional . Seria oportuno e sério que alguém respondesse às seguintes questões:

  • Como é possível que o universo de votos apurados seja maior do que a população votante?
  • Como é possível que na contagem dos votos esteja apenas o representante de uma das candidaturas?
  • Como é possível que a gestão do processo tenha sido entregue uma das partes interessadas?
  • Como é possível não se dar o trabalho de, apenas, verificar as denúncias de irregularidades amplamente propaladas aos quatro ventos?

Particularmente, não tenho nenhum interesse em especial nos candidatos. Para mim, ambos seriam adversários absolutamente acessíveis para o actual líder da juventude da UNITA. A maior preocupação deve ser a credibilidade das instituições e, o mais importante, não banalizar a autoridade da mais alta figura do Partido e do Estado.

É-me indiferente quem ganha e o resultado da impugnação. Já não me é indiferente a batota, a desonestidade, a fraude e o conluio. Não haja ilusões. Ou acerta-se o passo ou o MPLA estará na oposição nas próximas eleições. Quem avisa pode não ser amigo, mas inimigo não é!

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